Ciclovias, Ciclofaixas e Ciclorotas: Mais Segurança e Humanização no Trânsito

O crescimento das cidades e o aumento da frota de veículos trouxeram grandes desafios para a mobilidade urbana. Entre eles, está a convivência entre diferentes modais de transporte, especialmente o automóvel e a bicicleta. Nesse contexto, as ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas surgem como instrumentos fundamentais para promover um trânsito mais seguro, inclusivo e humano, assegurando o direito de ir e vir com dignidade e proteção aos ciclistas.

Infelizmente, o que se observa nas ruas é uma cultura de desrespeito e negligência em relação aos ciclistas. Motoristas muitas vezes desconsideram a presença da bicicleta como meio de transporte legítimo, invadem ciclovias, estacionam sobre ciclofaixas ou realizam ultrapassagens perigosas, colocando em risco a vida de quem escolheu a bicicleta como alternativa sustentável e saudável. Esse comportamento contraria um dos princípios mais nobres do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que estabelece, no artigo 29, inciso II, que “o maior deve cuidar do menor, o motorizado deve cuidar do não motorizado, o mais pesado deve cuidar do mais leve e todos devem cuidar do pedestre”.

A implementação de infraestruturas cicloviárias adequadas não apenas garante o espaço físico necessário para a circulação segura das bicicletas, mas também educa e sinaliza para todos os usuários da via sobre o direito dos ciclistas. Elas representam, na prática, a aplicação do princípio da proteção dos mais vulneráveis no trânsito, reduzindo conflitos, atropelamentos e colisões.

Além da segurança, as ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas promovem uma cidade mais humana. Ao estimular o uso da bicicleta, diminuem-se a poluição, os congestionamentos e o ruído urbano, criando um ambiente mais saudável e agradável para todos. Uma cidade que valoriza a bicicleta valoriza também a qualidade de vida de seus cidadãos, democratiza o espaço público e incentiva uma mobilidade ativa, com impactos positivos na saúde pública e na sustentabilidade.

É urgente que governos, sociedade e condutores compreendam que a bicicleta não é um obstáculo no trânsito, mas parte da solução para os desafios da mobilidade. Respeitar as ciclovias, proteger os ciclistas e fomentar o uso da bicicleta é honrar o compromisso de construir um trânsito mais seguro, humano e inclusivo para todos.

Que possamos pedalar juntos rumo a uma nova cultura de mobilidade, onde o cuidado com o próximo não seja apenas uma norma legal, mas um valor ético e coletivo.