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A Cultura dos Quebra-Molas (Lombadas)

No Brasil, é praticamente impossível dirigir pelas ruas sem encontrar quebra-molas. Esses dispositivos, conhecidos também como lombadas, são implantados com a finalidade de reduzir a velocidade dos veículos, assegurando maior segurança nas vias. No entanto, sua proliferação indica uma realidade preocupante: a falta de educação, empatia e bom senso dos cidadãos no trânsito, somada à ineficiência do poder público em promover educação para o trânsito e investimento em mobilidade urbana.
O comportamento dos motoristas é um reflexo direto da educação recebida. Nos Centro dd Formação de Condutores, aprendemos a operar um veículo, mas é negligenciado os ensinamentos sobre cidadania e respeito mútuo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 90% dos acidentes de trânsito são causados por falha humana, o que ressalta a importância da educação para a segurança viária. Estudos demonstram que motoristas bem educados e conscientes reduzem significativamente o risco de sinistros.
Empatia no trânsito significa reconhecer e respeitar a presença e os direitos dos outros usuários das vias: pedestres, ciclistas, motociclistas e outros motoristas. A falta de empatia e o comportamento agressivo são comuns no trânsito brasileiro. A pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) revela que cerca de 70% dos motoristas admitem já terem cometido infrações de trânsito, muitas vezes por pressa ou impaciência, desconsiderando a segurança alheia.
Quando essa empatia falta, medidas extremas como os quebra-molas se tornam necessárias. No entanto, será que deveríamos depender de barreiras físicas para promover comportamentos seguros? Onde está o bom senso de reduzir a velocidade em áreas residenciais, escolares e de grande circulação de pessoas, mesmo na ausência de um redutor de velocidade?
A dependência de quebra-molas também evidencia a ineficiência do poder público. A falta de fiscalização eficaz, campanhas educativas contínuas e a inadequada punição para infratores contribuem para a persistência de comportamentos perigosos no trânsito.
Quebra-Molas: Solução ou Sintoma?
Os quebra-molas são uma solução paliativa, um sintoma de problemas mais profundos na cultura do trânsito. Eles representam a falência da condução responsável e da educação para o trânsito. Devemos questionar até quando precisaremos dessa “cultura dos quebra-molas” para regular nosso comportamento. Será que estamos condenados a depender eternamente de barreiras físicas para garantir a segurança nas vias?
Pesquisas mostram que programas educativos bem elaborados podem reduzir em até 40% o número de acidentes. Precisamos educar nossas crianças desde cedo, incentivando comportamentos seguros e responsáveis.
Além disso, o poder público deve investir em infraestrutura que favoreça a segurança sem depender exclusivamente dos quebra-molas. Projetos de urbanismo que contemplem ciclovias, faixas de pedestres bem sinalizadas e iluminação adequada podem contribuir para um trânsito mais seguro e civilizado. Exemplos de cidades como Amsterdam e Copenhague, que priorizam a mobilidade sustentável e segura, demonstram que é possível criar um ambiente urbano onde os redutores físicos de velocidade sejam desnecessários.
Os quebra-molas são um reflexo de nossa incapacidade coletiva de respeitar as regras e os outros usuários das vias. É necessário um esforço conjunto de educação, fiscalização e infraestrutura para superar essa dependência. Até quando precisaremos da cultura dos quebra-molas para regular nosso comportamento? A resposta depende de nossa capacidade de evoluir como sociedade, promovendo uma convivência harmoniosa e segura no trânsito. A transformação depende de todos nós: motoristas, pedestres, ciclistas, autoridades e educadores. Só assim poderemos vislumbrar um futuro onde a segurança no trânsito seja garantida pela conscientização e pelo respeito mútuo.
Por Danilo Oliveira Costa
Presidente IBDTRANSITO
Presidente Comissão Trânsito OAB