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Chevrolet Opala: por que este já foi o carro mais desejado do Brasil

Voltemos ao dia 19 de novembro de 1968, em São Caetano do Sul (SP). Dois anos após o início dos testes com o Opala no Brasil, as primeiras unidades desfilavam pela linha de montagem da General Motors. Foram quase três décadas produzindo apenas caminhonetes — e agora a empresa começava a era dos automóveis.
Nenhum veículo serviu a tantos propósitos quanto o Opala em seus 23 anos. Nasceu como sedã familiar, mas se converteu em um cupê esportivo, tornou-se a perua mais desejada pelas famílias e acabou como carro de patrão.
Para ilustrar parte dessa história tão marcante na indústria nacional, Autoesporte trouxe para este resgate histórico um Chevrolet Opala SS de 1978 e um Diplomata de 1992, duas roupagens totalmente diferentes do ícone, mas igualmente envolventes para os entusiastas.
Opala SS: o galã dos anos 1970
Há grandes chances de “Night Fever”, dos Bee Gees, ter sido a primeira música sintonizada no rádio AM desse belo Opala SS 1978. Essa foi a canção mais ouvida no Brasil naquele ano. Por fora, o elegante cupê desfila uma bonita tonalidade bege, com faixas pretas passando pelo capô e nos frisos laterais. Faróis de milha e acabamento cromado não deixam dúvida de que se trata da versão esporte.
Por dentro, os bancos inteiriços revestidos de tecido são enchidos com palha. Para os motoristas mais acostumados com carros modernos, podem ser bem duros. Já o volante de três raios é um retrato dos anos 1970. Essa unidade em estado imaculado de conservação pertence a Sylvio Luiz, presidente do Clube do Opala de São Paulo, que gentilmente cedeu o carro clássico para uma viagem no tempo.
Engatei a primeira marcha e falhei miseravelmente. É necessário apertar bastante o pedal da embreagem, e o câmbio — no estilo “vareta”, como dizem os opaleiros — tem curso muito longo. Entretanto, bastaram alguns segundos para eu me habituar e curtir o passeio com o SS.
Respondendo à pergunta que todos os entusiastas fazem ao encontrar o dono de um carro como esse na rua, esse modelo SS é equipado com motor 4.1 de seis cilindros em linha (ou seis “canecos”, como ficaram conhecidos no jargão popular). Desenvolve 141 cv de potência e competentes 29 kgfm de torque.
Dirigir um carro antigo é um prazer. O gargarejo profundo dos seis canecos é melodia constante no passeio. A evolução tecnológica (ainda bem) tornou rara e peculiar a experiência de guiar um automóvel de quatro marchas. Mas o bom escalonamento delas chamou minha atenção. Já a suspensão aparenta ser um tanto rígida — lógico, afinal é um esportivo!
Mais que um carro clássico, o Opala SS é charmoso. Unidades como essa, ainda mais em um estado de conservação tão imaculado, se tornaram raras. Mas é hora de pular para o Opala Diplomata, que é um carro que conheço bem.
Opala Diplomata: o carro do patrão
Esse Diplomata 1992 está na minha família há mais de 20 anos e nunca foi restaurado. Até por isso, os olhares mais atentos notarão imperfeições na carroceria. Tenho lembranças de viagens em família e passeios aos domingos. Eu queria completar 18 anos rápido para curtir um passeio do jeito certo: ao volante. Bem, aqui estou, alguns anos mais velho, é verdade.
A série Diplomata marcou o fim da produção do Opala, em 1992, após mais de 1 milhão de unidades. Naquele dia, funcionários da Chevrolet colaram mensagens no último veículo que deixou a linha. Não à toa, a General Motors incorporou tudo que havia de mais moderno naquela época no Opala: vidros e retrovisores elétricos, ar-condicionado, toca-fitas.
Sua montagem também chama a atenção. Um tecido navalhado que lembra veludo reveste todos os bancos, mantendo a impressão de qualidade de quando foi lançado.
Como o nome diz, muitos proprietários andavam atrás, com motoristas particulares à frente. Mas quem se sentasse ao volante com certeza ficaria surpreso com a dirigibilidade, especialmente da direção hidráulica — que, apesar de multiplicada, é muito leve.
O gargarejo do seis cilindros, aqui desenvolvendo 141 cv e 32 kgfm, também é delicioso de ouvir. Porém, a suspensão é macia e tem muito curso. É preciso passar com cuidado nas lombadas para não raspar os grandes balanços dianteiro e traseiro.
Do SS, o Opala Diplomata herdou a alavanca de câmbio com engates longos (mas com cinco marchas). Apesar de ser dura de manusear, era avançada em 1992.
Fonte
Auto Esporte