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| Postado em 13 de dezembro de 2019 às 5:00

Gasolina com água e combustível incolor. O que é mito e verdade?

Por Redação Portal

Segundo especialistas a mistura de água para vender mais não passada de lenda urbana.

Gasolina com água e combustível incolor. O que é mito e verdade?
Reprodução

Quando o assunto é a gasolina que vai para o motor do carro, todo cuidado é pouco. Apesar de todas as propagandas de qualidade das grandes marcas, as desconfianças sobre a qualidade da composição do combustível são grandes entre os consumidores. Mas, o especialista em combustíveis da Raízen e engenheiro da Shell, Gilberto Pose garante: a mistura de água para vender mais não passada de lenda urbana.

Água na gasolina

O especialista conta que um dos equívocos do público consumidor é que os revendedores adulteram a gasolina colocando água para aumentar o volume e vender o produto em maior quantidade e arrecadar mais. Gilberto diz que é impossível esse tipo de fraude. Segundo ele, a gasolina brasileira contém etanol anidro, que não faz composição qualitativa com a água a ponto de render com a devida explosão para girar o motor do veículo.

“Toda vez que eu coloco água dentro dessa gasolina, por mais estável que o etanol esteja, quando ele encontra água, migra automaticamente para o líquido. Se eu colocasse água para aumentar o volume, essa água arrastaria para o fundo do tanque o etanol. Eu teria uma mistura de 70% de água e 30% de etanol. O motor simplesmente não iria funcionar”, afirma o engenheiro.

Teor de álcool na gasolina

Apesar da grande reserva de petróleo, o Brasil ainda não é autossuficiente quando o assunto é combustível. Para suprir essa lacuna, o governo brasileiro adicionou nos anos 1930 a presença de álcool na gasolina, o que levanta questionamentos entre os motoristas.

No Brasil, explica Gilberto, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) regula o teor de etanol no combustível, que atualmente é de 27% nas gasolinas comum e aditivada, e 25% nas gasolinas premium.

“O etanol é uma opção do Brasil para não ter que importar mais gasolina de fora. Nós importamos de 13 a 17% do combustível de outros países. Na região amazônica, muito disso vem da Venezuela e do Golfo do México. Se não colocássemos o etanol teríamos que trazer no mínimo 27% a mais do produto do estrangeiro”
Gilberto Pose, engenheiro da Shell e especialista da Raízen, sobre a presença legal do etanol na gasolina brasileira

O mito da gasolina formulada

Sobre os questionamentos da gasolina formulada, Gilberto observa que, segundo a ANP, qualquer gasolina produzida no mundo é formulada. Ele diz que não existe numa refinaria uma única torre onde você coloca o petróleo cru e a gasolina sai pronta.

“Ela tem que percorrer um caminho dentro da refinaria onde são adicionados componentes que enriquecem ou levam a gasolina a ficar dentro de uma especificação. Esses componentes foram extraídos do petróleo, com grande valor agregado. Quimicamente isso é conhecido como formular”, esclarece o especialista.

Gasolina incolor é ruim ou mais fraca?

Uma das razões que influenciam na coloração do combustível é a presença de enxofre (amarelo) em sua composição. Pela legislação brasileira, o engenheiro da Shell diz que é permitido no máximo 50 mg a cada quilo de gasolina. Para ele esse teor ainda é muito alto e prejudicial à saúde, mas, há estudos para diminuir o volume do Brasil, como já é bem baixo nos Estados Unidos da América, por exemplo.
“O enxofre é cancerígeno, poluente, provoca chuva ácida e tem uma série de fatores negativos. Quanto mais enxofre tirarmos da gasolina, melhor. Um grande mito de mercado é pensar que a gasolina incolor não presta. Pelo contrário: gasolina incolor significa que ela perdeu enxofre, então está menos agressiva”, revela o especialista.

Por conta do teor de etanol na gasolina produzida no Brasil, muitos alegam que a qualidade dela está abaixo do resto do mundo. Gilberto Pose discorda. “A qualidade da gasolina que sai das refinarias brasileiras é excelente e alinhada com os parâmetros de gasolinas importadas. O problema grave está no comércio varejista de combustível e na distribuição, que adulteram e sonegam impostos. Isso faz com que a percepção da qualidade do combustível seja negativa”, justifica o profissional.

Água saindo do escapamento significa combustível adulterado

A saída de água do escapamento é normal e ocorre com mais frequência do que se imagina, afirma Gilberto. “Para queimar qualquer combustível dentro do motor, é preciso de ar. O combustível é um hidrocarboneto, ou seja, tem carbonos e hidrogênios, então parte desse oxigênio se mistura com hidrogênio e forma água. É normal pingar água ou vapor de água do escapamento dos veículos”, diz.

“As pessoas olham a água saindo e pensam que é porque o posto misturou gasolina com água. Engano”, completa o engenheiro, que sugere aos condutores procurar um mecânico quando observar que a água está escura, com fumaça, com odor de óleo ou adocicado, ou expelida em jatos prolongados.

Como economizar

Gilberto reforça que uma das principais dicas para economizar no consumo do combustível é garantir que a manutenção do carro esteja em dia. “Um bom cuidado com o motor, trocar o óleo na hora certa, manter as rodas alinhadas e balanceadas, os pneus calibrados, tudo isso influencia na queima do combustível”, diz.

A forma de dirigir também deve ser policiada. “É preciso ficar atento se você acelera ou freia demais durante o trajeto, se acelera com o carro parado no farol, se acelera com o carro engatado”, enumera Gilberto.
Evitar levar peso em excesso no carro, monitorar o uso do ar condicionado, prestar atenção no trajeto diário e identificar postos de confiança, onde possa abastecer habitualmente, são outras dicas do especialista. “Na dúvida, todo consumidor pode pedir para os postos fazerem os testes mínimos obrigatórios garantidos pela ANP”, finaliza.

Fiscalização

Em 2019, o Programa Estadual de Proteção e Orientação do Consumidor (Procon-AM) realizou 109 fiscalizações em vários de postos e distribuidoras de Manaus, à procura de irregularidades na composição do combustível e nos preços ofertados. As denúncias mais comuns dos amazonenses são sobre ao valor da gasolina e das formas de pagamento.

Mas, para garantir a qualidade da gasolina, o conhecimento e a fiscalização do condutor são fundamentais. Segundo o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado (CDC/Aleam), deputado João Luiz, o poder público não tem pessoal suficiente para atuar nos postos da cidade. “É essencial que o consumidor esteja atento e faça os testes para alertar as violações da legislação do consumidor, indicando os locais a serem fiscalizados pelo Procon”, orienta o parlamentar.

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Em Tempo


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