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Fraude no DETRAN
| Postado em 07 de dezembro de 2019 às 4:35

Gravações telefônicas revelaram a promotores do Gaeco esquema dentro do Detran em MG

Por Redação Portal

Dezesseis pessoas foram presas durante a "Operação Êxodo", deflagrada nesta quinta-feira (5) em Varginha e Elói Mendes.

Gravações telefônicas revelaram a promotores do Gaeco esquema dentro do Detran em MG
Gravações telefônicas ajudaram MP a descobrir esquema de propina no Detran.

Gravações telefônicas revelaram aos promotores do Gaeco, o Grupo de Atuação Especializada em Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público, como agiam funcionários do Detran e despachantes em Varginha e Elói Mendes (MG). Dezesseis pessoas foram presas durante a “Operação Êxodo”, deflagrada nesta quinta-feira (5). Durante dois anos, as investigações apontaram um esquema de propina.

Entre os investigados estão o delegado de trânsito de Varginha, Antônio Carlos Buttignon. Os investigadores Régis Fernandes da Costa, Elincarlos Lopes Moura, o Elin e Cosme Silva de Paula. Além deles, o funcionário da prefeitura, Luiz Carlos Penha, o Carlão, também foi detido. Ele é cedido pelo município para o Detran.

As outras pessoas presas são funcionários ou donos de despachantes em Varginha e Elói Mendes.

“Haveria exemplificadamente recebimento de propina por parte de um deles para favorecer as investigações que envolviam os desmanches de veículo. Por parte de outro haveria o recebimento de propina para acelerar o procedimento de inspeção de documentos ou para não realizar e apenas atestar as vistorias, para permitir que as vistorias, os emplacamentos fossem realizados fora do ambiente do Detran”, disse o coordenador do Gaeco, Igor Serrano Silva.

Vistoria em veículos era feito fora de órgão credenciado em Varginha (MG) — Foto: Reprodução/EPTV

Vistoria em veículos era feito fora de órgão credenciado em Varginha (MG) — Foto: Reprodução/EPTV

Durante a tarde, os 16 suspeitos foram ouvidos no Fórum de Elói Mendes. Como as investigações estavam sob sigilo de justiça, advogados aguardavam autorização para ter acesso aos autos do processo.

O esquema

As investigações apontaram que veículos de leilão eram reaproveitados e os dados deles eram adulterados para que o dono pudesse ter vantagem.

“A partir da remontagem desses veículos, eles contando aí com o apoio e participação de integrantes da Polícia Civil, que exercem as suas funções no Detran de Varginha, eles conseguiam retirar o sinistro que estava no documento. E com isso, a parte que havia adquirido o veículo no leilão conseguia revender o veículo como se fosse um veículo normal, que jamais tinha sido batido e, com isso, aumentavam o lucro da organização criminosa”, explicou o promotor Daniel Ribeiro Costa.

Flagrantes mostram que funcionários do Detran ou os próprios despachantes faziam as vistorias de veículos fora do pátio da Polícia Civil, o que é proibido. Em alguns casos, nem vistoria tinha.

“Criar a dificuldade para vender a facilidade. O despachante consegue mais rápido, o despachante consegue sem levar no Detran, o despachante emplaca na casa, o despachante faz o serviço mais confortável para o usuário, que às vezes não sabe que isso está sendo feito desta forma porque ele está pagando embutidamente uma propina”, disse o coordenador do Gaeco.

Operação do Ministério Público investiga corrupção em vistoria de veículos em MG — Foto: Reprodução/EPTV

Operação do Ministério Público investiga corrupção em vistoria de veículos em MG — Foto: Reprodução/EPTV

Uma mulher passou mal e precisou ser amparada. Também foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão. Computadores e outros materiais também foram recolhidos.

“Durante o cumprimento dos mandados de busca, algumas coisas ilícitas foram encontradas. Foram encontradas armas de fogo, de calibre permitido e restrito, e drogas”, detalhou o promotor André Vasconcelos.

A operação denunciou um forte esquema não só de facilitação de serviços, mas também de não investigação de crimes a troco de propina. Pessoas que pagaram propina aos despachantes também podem ser investigadas.

“Os que não sabem têm que tomar ciência disso, por isso é importante a divulgação. E os que sabiam podem ser responsabilizados por corrupção ativa”, disse Igor Serrano.

Presos foram levados para a delegacia de Varginha (MG) — Foto: Reprodução EPTV

Presos foram levados para a delegacia de Varginha (MG) — Foto: Reprodução EPTV

Interceptações telefônicas

Durante os mais de dois anos de investigações, o Ministério Público teve autorização judicial para fazer interceptações telefônicas e as conversas entre despachantes e servidores públicos foram fundamentais para desvendar o esquema de corrupção e chegar aos nomes dos suspeitos.

A EPTV Sul de Minas, afiliada Rede Globo, teve acesso aos registros telefônicos. Em uma das ligações, Renato, um despachante, fala com um possível cliente sobre a vistoria de uma moto, em Elói Mendes. O despachante conta que é melhor fazer a vistoria em Varginha e cita o pagamento.

– Renato: Não, assim, pra fazer a vistoria, vinte e cinco mais vinte, igual eu te falei, é trezentos e sessenta, trezentos e quarenta, mas cê não leva a moto lá em Varginha. Agora, se você quiser que leva a moto lá em Varginha duas vezes, cê vai economizar quarenta. Aí, cê fica, gasta 300 reais.

Fonte
G1 Sul de Minas


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