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Número de motoqueiros mortos em acidentes cresce 12,5%, no Brasil

O número de motoqueiros mortos em sinistros (acidentes) de trânsito voltou a crescer no Brasil, de acordo com o levantamento do Atlas da Violência 2025, divulgado nessa segunda-feira (12).
Segundo o documento, o número é de 16,2 mortes a cada grupo de 100 mil habitantes, e tem como base o ano de 2023, o que corresponde a uma alta de 2,5% se comparado a 2022, quando registrava 15,8.
Ainda de acordo com o levantamento, em relação a sinistros envolvendo motoqueiros, a taxa atingiu 6,3 mortes por 100 mil habitantes em 2023, o que equivale a alta de 12,5% ante 2022. Desde 2020, a taxa era mantida em 5,6. É a primeira vez que esse estudo traz dados sobre a violência no trânsito.
O destaque negativo do índice de sinistros com motoqueiros fica flagrante também quando se observa um período de comparação mais longo: de 2013 a 2023.
– Mortes gerais no trânsito: recuo de 21,2 para 16,2 mortes por 100 mil habitantes – redução de 23,6%;
– Mortes com motocicletas: aumento de 6 para 6,3 mortes por 100 mil habitantes – alta de 5% (chegou a cair para 5,3 em 2019)
Elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Atlas da Violência é uma organização sem fins lucrativos. O estudo coordenado pelo pesquisador Daniel Cerqueira, do Ipea, e pela diretora executiva do FBSP, Samira Bueno, coleta dados de fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela contagem da população, e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
Número de sinistros
De acordo com o anuário, em 2023, foram registrados 34,9 mil sinistros de trânsito envolvendo mortes. Em 2022, foram 33,9 mil ocorrências. Na série apresentada pelo Atlas da Violência, o ano com mais casos foi 2014, com quase 43,8 mil sinistros.
Já em relação ao número de sinistros com óbito que envolveram motoqueiros, o ano de 2023 teve quase 13,5 mil ocorrências, ante as 12 mil registradas em 2022. Já em 2014, foram registrados 12,6 mil, pico do período de 2013 a 2023.
As informações de 2023 indicam que as motos estão envolvidas em 38,6% dos sinistros com mortes no trânsito. Essa proporção varia enormemente quando se analisam dados dos estados.
Em sete estados, os sinistros com motocicletas são mais da metade:
Piauí: 69,4%
Ceará: 59,5%
Alagoas: 58,4%
Sergipe: 57,8%
Amazonas: 57,3%
Pernambuco: 54,4%
Maranhão: 52,2%
As unidades da federação com menores proporção são:
Rio de Janeiro: 21,4%
Amapá: 24,1%
Rio Grande do Sul: 24,5%
Distrito Federal: 24,5%
Minas Gerais: 25,9%
Paraná: 30,7%
De acordo com o pesquisador do Ipea, Carlos Henrique Carvalho, o crescimento do número de mortes no trânsito em acidentes de moto é consequência direta do aumento da frota e uso desses veículos no Brasil.
“A frota de motocicletas vem aumentado muito, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, nos estados mais pobres, já que é um veículo mais acessível, de custo operacional baixo”, disse Carvalho.
Maiores taxas de mortes por sinistros com motos por 100 mil habitantes:
Piauí: 21
Tocantins: 16,9
Mato Grosso: 14,7
Rondônia: 12,6
Maranhão: 11,2
Sergipe: 11,2
Menores taxas de mortes por sinistros com motos por 100 mil habitantes:
São Paulo: 3,6
Rio Grande do Sul: 3,7
Acre: 3,7
Distrito Federal: 2,4
Rio de Janeiro: 2,4
Amapá: 2,3
Transporte de passageiros
Na opinião do pesquisador do Ipea os dados sobre sinistros e mortes causadas por motocicletas devem ser “colocados em debate” no momento em que cidades discutem a regulamentação do serviço de transporte de passageiros por esse veículo.
Em São Paulo (SP), por exemplo, a questão virou batalha na Justiça, com a prefeitura contrária à liberação do serviço.
De acordo com Carvalho, na década de 2000, “cerca de 15% das mortes no trânsito no Brasil eram de usuários de motocicleta. Em 2010, pulou para quase 35%”.
Ele descreve o veículo como inseguro. “Não oferece nenhuma proteção ao usuário. Quando há algum tipo de sinistro ou queda, a probabilidade de ocorrer algo grave ou óbito é muito grande”, frisa.
“É bastante questionável para ser considerado no transporte comercial de passageiros“, finaliza.
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Estradas