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| Postado em 31 de janeiro de 2020 às 3:00

Organizadores correm para salvar Salão do Automóvel de São Paulo, após desistências de fabricantes

Por Redação Portal

Os custos elevados e a tendência mundial de esvaziamento dos grandes salões estão entre os principais motivos de saída das montadoras.

Organizadores correm para salvar Salão do Automóvel de São Paulo, após desistências de fabricantes
Maria Clara Dias/Auto Esporte

Os anúncios da saída de Toyota e BMW do Salão do Automóvel deste ano podem ser só o início de uma debandada histórica das marcas no principal evento automotivo do Brasil. Uma apuração exclusiva de Autoesporte revela que mais empresas estudam abandonar a feira, levando a Reed Exhibitions Alcantara Machado, organizadora do evento, a promover uma ação emergencial para recuperar as marcas.

Os custos elevados e a tendência mundial de esvaziamento dos grandes salões estão entre os principais motivos de saída das montadoras.

As marcas vêm preferindo ainda gastar seus milhões em eventos próprios nos últimos anos, nos quais não precisam dividir a atenção com outras empresas, além de atingir seu público-alvo com mais precisão.

Algumas fabricantes, porém, sobretudo as de modelos de luxo, também questionam políticas e falta de isonomia da Reed junto aos expositores.

“No Salão todo mundo ganha dinheiro: os organizadores, empresas de alimentação, montagem de estande, segurança. Menos as fabricantes”, comentou um executivo, que pediu anonimato, à Autoesporte. A crítica se junta ao gasto necessário para participar do evento, com uma cifra que pode ultrapassar os R$ 20 milhões.

A situação piora quando é levado em conta que esse número não garante um retorno imediato para a empresa. Por conta da legislação brasileira, fabricantes não podem vender veículos diretamente a seus clientes, o que dificulta o comércio durante o Salão do Automóvel.

Outro problema, sobretudo para as marcas de luxo, é a forma como a feira é vendida aos expositores. Normalmente o espaço que cada empresa terá é comercializado por metro quadrado, seguindo uma tabela igual para todos.

Se, por um lado, isso garante a igualdade de condições, por outro atrapalha a justificativa de gastos de empresas menores.

“Para uma marca generalista o investimento no Salão pode representar menos de 10% do orçamento total de marketing. Mas, para uma fabricante premium, de menor porte, esse percentual pode subir para quase metade do budget anual”, detalha outro executivo, que também pediu anonimato.

E, se na teoria os custos igualitários se justificam para entregar condições idênticas a todos os expositores, a realidade acaba passando longe.

Autoesporte confirmou com três fontes distintas que um tratamento diferenciado entre um grande importador e fabricantes premium em 2018 gerou um atrito que acelerou a movimentação para algumas marcas saírem do evento.

Operação de guerra

Durante nossa apuração foi levantado que três empresas, além das já oficializadas, estavam decididas a deixar o Salão do Automóvel. Isso fez com que a Reed iniciasse ações urgentes para manter as marcas, em sua maioria premium, na feira.

O objetivo é garantir que a edição deste ano ainda tenha os chamados veículos de sonho, que têm pouca participação no mercado, mas ajudam a atrair visitantes ao evento.

A tática emergencial envolve renegociação de custos e oferta de ações diferenciadas, sobretudo as que incluem experiências extras aos visitantes. A limitação de o público ir além do carro estático, aliás, é outra crítica das empresas, que desejam cada vez mais oferecer aos potenciais clientes oportunidades de conhecer melhor seus automóveis.

A possibilidade real do Salão do Automóvel 2020 ser um dos menores (em número de fabricantes) dos últimos anos se reflete no número de confirmações das marcas até o momento. Mesmo montadoras de alto volume, como GM, Honda e Hyundai Motor Brasil ainda não detalharam sua estratégia para o evento até a publicação desta reportagem.

Audi, Porsche, Caoa, Mercedes e HPE, que representa a Mitsubishi e Suzuki no Brasil, afirmaram que estão estudando sua participação no Salão. BMW e Toyota se juntam à Jaguar Land Rover, Peugeot, Citroën, Volvo e JAC, que já estavam ausentes da última edição e reiteraram sua abstinência este ano.

A tecnologia é o futuro?

A mudança de data do Salão de Detroit para não concorrer com a CES (Consumer Electronic Show, que ocorre na cidade norte-americana de Las Vegas e é considerada a maior feira de tecnologia do planeta) indica um sinal dos tempos: para não perderem relevância, os organizadores de grandes eventos da indústria automotiva apostam em parcerias com empresas de tecnologia.

Essa inclusão digital tem se tornado tão importante que executivos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), copatrocinadora do Salão, e da Reed foram até a edição deste ano da CES em busca de ideias para tornar o evento paulistano mais atrativo.

“As marcas estão falando sobre o futuro e o importante é que estamos colocando o Salão no contexto de mobilidade e tecnologia, esse será um assunto cada vez mais importante”, afirma Leandro Lara, diretor do portfólio de mobilidade da Reed Exhibitions Alcantara Machado.

Mesmo diante desse cenário “disruptivo”, Lara considera que eventos de exibição de automóveis ainda são a melhor maneira de aproximar as montadoras dos apaixonados por automóveis. “A marca não participar é mais uma percepção global do que local: o fã não liga para o investimento que a empresa faz, mas como ele consegue interagir com o veículo no estande”, considera.

Na 30ª edição do Salão do Automóvel, que ocorreu em outubro de 2018, mais de 740 mil pessoas visitaram o evento, que ocorreu pela segunda vez no São Paulo Expo.

Como está a situação de cada marca para o Salão do Automóvel:

Audi – Em estudo
BMW – Não participará
FCA (Fiat/Jeep/RAM) – Confirmada
Ford – Confirmada
GM – Não divulgou seu posicionamento até o momento
HPE (Mitsubishi/Suzuki) – Em estudo
Caoa (Hyundai/Caoa Chery/Subaru) – Em estudo
Hyundai Motor Brasil – Não divulgou seu posicionamento até o momento
Honda – Não divulgou seu posicionamento até o momento
Jaguar Land Rover – Não participará
Kia – Em estudo
Mercedes-Benz – Em estudo
Nissan – Confirmada
PSA (Peugeot/Citroën) – Não participará
Porsche – Em estudo
Renault – Confirmada
Toyota/Lexus – Não participará
Via Itália (Ferrari, Maserati, Lamborghini e Rolls-Royce) – Em estudo
Volkswagen – Confirmada
Volvo – Não participará

Fonte
Revista Auto Esporte


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