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| Postado em 31 de março de 2022 às 2:09

Pandemia deixou o trânsito mais violento

Pandemia deixou o trânsito mais violento

Na semana passada, câmeras de segurança flagraram o momento em que um motociclista foi morto a tiros em Cascavel após uma briga de trânsito. Sim, por causa de uma ‘fechada’, uma vida foi perdida e tantas outras afetadas. Infelizmente, casos como esse não têm sido isolados.

O noticiário vem mostrando com frequência histórias de violência no trânsito. E não estamos falando da violência dos sinistros: estamos falando do comportamento dos motoristas.

Como médico, diretor científico da Ammetra e perito examinador, venho alertando há meses sobre a mudança no perfil do condutor brasileiro desde o início da pandemia, há dois anos. De lá pra cá, notamos que os motoristas estão mais irritados, imprudentes e desatentos.

O aumento da ansiedade e outros transtornos na saúde mental têm provocado também o aumento do consumo de álcool e outras substâncias psicoativas, o que interfere diretamente na capacidade de dirigir em segurança.

Prova disso é o balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o Carnaval, quando foi registado um aumento de 225% nas autuações pela Lei Seca. O efeito dessa combinação letal entre álcool e direção foi o aumento no número de mortes em 18% em relação ao ano anterior.

Três casos recentes mostram que esse comportamento tem sido recorrente. No Rio de Janeiro, um homem alcoolizado atropelou um grupo de pessoas que estava em um bar. Em Belo Horizonte, um motorista também alcoolizado bateu o Porsche que dirigia em nove carros. Desequilibrado, o homem ainda tentou agredir uma mulher que teve o carro danificado por ele, insultou e ameaçou os policiais. Também em BH, nesta semana, uma mulher alcoolizada perdeu o controle do carro e invadiu uma padaria. Por sorte ninguém se feriu. Ela confessou ter tomado duas caipirinhas, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro e teve a CNH apreendida.

O uso do álcool altera diferentes funções cognitivas, emocionais e motoras, como percepção, comportamento, julgamento, atenção, memória e motricidade (conjunto de funções nervosas e musculares que permitem movimentos voluntários ou automáticos). Essas alterações são ainda mais significativas em pessoas que fazem uso regular de álcool, podendo apresentar sintomas frequentes como confusão mental, amnésia parcial e perda da coordenação e equilíbrio dos movimentos musculares voluntários.

A pandemia aumentou principalmente os casos de ansiedade e outros transtornos e isso provocou um aumento do consumo de álcool. Esse cenário preocupa tanto pelo impacto na saúde física, quanto pela mudança de comportamento no trânsito. Motoristas que dirigem alcoolizados provocam mais acidentes e mortes e isso é um problema de todos nós

Precisamos, de uma vez por todas, criar políticas públicas que garantam um trânsito mais seguro. Já passamos da hora de rever nossa forma de educar para o trânsito, escolas seguem sem essa matéria em sua grade curricular e nossas campanhas publicitárias ainda estão longe de fazer alguém desistir do hábito de beber e dirigir.

Que os 13 anos da Operação Lei Seca no Rio de Janeiro sirvam de exemplo para os demais Estados da federação, e que a Justiça verdadeiramente aplique penas que possam minimamente sobrepor o sentimento de impunidade que ainda paira pelas ruas, estradas e rodovias do Brasil.


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