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Produção e vendas de carros segue em queda; confira
Por Redação Portal
Licenciamento de automóveis em fevereiro caiu 22,8% se comparado com 2021. Março pode apresentar uma ligeira melhora, mas perspectiva da Anfavea é de estagnação para o primeiro semestre
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A produção e a venda de automóveis permanece em queda em fevereiro se comparada com o mesmo mês de 2021, segundo dados da Anfavea, a associação dos fabricantes. Foram licenciados 129 mil veículos no segundo mês do ano, o que representa redução de 22,8%.
Em relação a janeiro de 2022, no entanto, houve aumento de 2,2% nos licenciamentos. Considerando o valor acumulado do ano, a queda é de 24,4%. Ou seja, foram 256 mil veículos vendidos ante os 339 mil do ano passado.
O fim do mês foi prejudicado pelo cenário negativo na economia mundial, sobretudo devido à guerra na Ucrânia, bem como pelas dificuldades incessantes na cadeia logística de produção, que sofre com a falta geral de peças, insumos e semicondutores.
Fevereiro marcou um bom desempenho na exportação de veículos, pois carros que não puderam ser embarcados em janeiro finalmente foram despachados. Isso representou 69,2 mil unidades, um crescimento de 17,3% em relação a fevereiro de 2021 (que teve 59 mil veículos).
Os mercados que mais receberam carros produzidos no Brasil foram México, Chile, Colômbia, Uruguai e Argentina.
Produção
A indústria local produziu 165.900 carros em fevereiro, um aumento de 14,1% em comparação com janeiro (145,4 mil), mas valor 15,8% menor em comparação com fevereiro de 2021 (197 mil).
Considerando o acumulado do ano (ou seja, apenas janeiro e fevereiro), a queda é ainda mais acentuada ao compararmos 2022 com 2021. Até o momento a soma é de 311 mil carros fabricados – uma queda de 21,7%.
Com a variante ômicron do coronavírus sob relativo controle, a pandemia deixou de ser um entrave produtivo, levando em conta os afastamentos de funcionários e quarentenas. O desafio agora é contornar a falta de componentes e os custos de logística.
Segundo a Anfavea, a perspectiva da indústria para o primeiro semestre é que a situação econômica seja semelhante àquela do último trimestre do ano passado.
IPI reduzido
As previsões para 2022 não haviam considerado a redução de 18,5% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciada recentemente pelo ministro Paulo Guedes. Luiz Carlos Moraes, presidente da associação dos fabricantes, diz que há a expectativa de redução nos preços dos automóveis para o consumidor final, mas que as empresas têm controle sobre suas estratégias individuais.
No melhor cenário, o consumidor pode esperar, se houver, reduções na ordem de 1% ou 2% nos preços. Ou seja, na prática, o automóvel é um bem de consumo que vai permanecer demasiadamente caro.
Essa redução no imposto também deu novo ânimo para março. A indústria espera algum reflexo no resultado das vendas, já que o mês tem menos feriados e mais dias úteis em comparação com o último período.
Hoje o brasileiro paga, só de impostos, de 37% a 44% do preço total. A Anfavea encaminhou uma proposta para o Ministério da Economia propondo a reforma tributária do setor, estabelecendo taxações por volta de 20%.
A entidade comenta, mais uma vez, o quão oneroso para as empresas é lidar com o sistema tributário brasileiro, entre IPI, PIS/Confins, ICMS e outros.
Os empregos ligados ao setor automotivo tiveram uma leve queda, de 3,2%. São 101,3 mil vagas, contra 103,4 mil posições em fevereiro de 2021.
Ucrânia e expectativas
De acordo com Moraes, ainda é muito cedo para trazer números que possam traçar cenários futuros. A Anfavea já tem as primeiras reflexões sobre eventuais sequelas da guerra na Ucrânia, mas não há como metrificar os efeitos do conflito.
A indústria ainda está em busca de compreender a dimensão do problema em escala global, mas prevê altas nas commodities (petróleo, gás natural, aço, alumínio, metais e alimentos), bem como riscos no agronegócio (com restrições mundiais em fertilizantes e maquinário agrícola).
Também há a possibilidade de acirramento na crise de semicondutores, que se arrasta desde o ano passado, já que Rússia e Ucrânia são produtores globais de paládio e gás neônio.
As restrições de circulação também podem afetar o trânsito em portos, bem como a disponibilidade de contêineres, pressionando, ainda mais, as tarifas de fretes, inclusive o aéreo.
No Brasil, os produtores rurais já têm previsão de redução na safra 2022/2023.
Por ora, o cenário é de cautela. Indústria e consumidores ainda estão em uma situação de estagnação ou de recuperação. Um conflito armado com tensões mundiais só agrava uma economia que ainda não encontrou saídas para os gargalos que se formaram nos últimos dois anos.
O que se espera é que o governo não promova soluções de curto prazo, como o aumento da taxa Selic de forma exagerada para conter a inflação, por exemplo. Mesmo as intervenções para conter o custo da gasolina e do diesel podem ter efeitos colaterais perversos.
E, ainda que o petróleo tivesse mais regulação no preço, isso geraria efeitos apenas na bomba de combustível, não nas demais pontas da cadeia produtiva, já que outros setores têm incidência de tributações exclusivas, como a indústria do plástico e de lubrificantes.
Outro efeito ruim no controle desastrado das taxas seria o aumento no custo dos financiamentos, distanciando ainda mais o cliente de seu carro novo (ou usado). No Brasil, mais de 60% das aquisições são feitas por meio de financiamento bancário. Se houver mais um complicador na captação de dinheiro, isso representará a adição de outra pedra no sapato do setor automotivo.
Fonte
Auto Esporte
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