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Gravações telefônicas revelaram a promotores do Gaeco esquema dentro do Detran em MG
Por Redação Portal
Dezesseis pessoas foram presas durante a "Operação Êxodo", deflagrada nesta quinta-feira (5) em Varginha e Elói Mendes.
![Gravações telefônicas revelaram a promotores do Gaeco esquema dentro do Detran em MG](https://transitoweb.com.br/wp-content/themes/transitoweb/timthumb.php?src=https://transitoweb.com.br/wp-content/uploads/2019/12/D67EED07-9AFE-49A9-BE26-F11222BEF8D2.jpeg&w=606&h=403)
Gravações telefônicas revelaram aos promotores do Gaeco, o Grupo de Atuação Especializada em Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público, como agiam funcionários do Detran e despachantes em Varginha e Elói Mendes (MG). Dezesseis pessoas foram presas durante a “Operação Êxodo”, deflagrada nesta quinta-feira (5). Durante dois anos, as investigações apontaram um esquema de propina.
Entre os investigados estão o delegado de trânsito de Varginha, Antônio Carlos Buttignon. Os investigadores Régis Fernandes da Costa, Elincarlos Lopes Moura, o Elin e Cosme Silva de Paula. Além deles, o funcionário da prefeitura, Luiz Carlos Penha, o Carlão, também foi detido. Ele é cedido pelo município para o Detran.
As outras pessoas presas são funcionários ou donos de despachantes em Varginha e Elói Mendes.
“Haveria exemplificadamente recebimento de propina por parte de um deles para favorecer as investigações que envolviam os desmanches de veículo. Por parte de outro haveria o recebimento de propina para acelerar o procedimento de inspeção de documentos ou para não realizar e apenas atestar as vistorias, para permitir que as vistorias, os emplacamentos fossem realizados fora do ambiente do Detran”, disse o coordenador do Gaeco, Igor Serrano Silva.
![Vistoria em veículos era feito fora de órgão credenciado em Varginha (MG) — Foto: Reprodução/EPTV Vistoria em veículos era feito fora de órgão credenciado em Varginha (MG) — Foto: Reprodução/EPTV](https://s2.glbimg.com/zYJ6nShxprBLkkHWKBTLrnhamCs=/0x0:600x521/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/s/x/p9oHf5SrSNAaVrAJxnvg/flagrante.jpg)
Vistoria em veículos era feito fora de órgão credenciado em Varginha (MG) — Foto: Reprodução/EPTV
Durante a tarde, os 16 suspeitos foram ouvidos no Fórum de Elói Mendes. Como as investigações estavam sob sigilo de justiça, advogados aguardavam autorização para ter acesso aos autos do processo.
O esquema
As investigações apontaram que veículos de leilão eram reaproveitados e os dados deles eram adulterados para que o dono pudesse ter vantagem.
“A partir da remontagem desses veículos, eles contando aí com o apoio e participação de integrantes da Polícia Civil, que exercem as suas funções no Detran de Varginha, eles conseguiam retirar o sinistro que estava no documento. E com isso, a parte que havia adquirido o veículo no leilão conseguia revender o veículo como se fosse um veículo normal, que jamais tinha sido batido e, com isso, aumentavam o lucro da organização criminosa”, explicou o promotor Daniel Ribeiro Costa.
Flagrantes mostram que funcionários do Detran ou os próprios despachantes faziam as vistorias de veículos fora do pátio da Polícia Civil, o que é proibido. Em alguns casos, nem vistoria tinha.
“Criar a dificuldade para vender a facilidade. O despachante consegue mais rápido, o despachante consegue sem levar no Detran, o despachante emplaca na casa, o despachante faz o serviço mais confortável para o usuário, que às vezes não sabe que isso está sendo feito desta forma porque ele está pagando embutidamente uma propina”, disse o coordenador do Gaeco.
![Operação do Ministério Público investiga corrupção em vistoria de veículos em MG — Foto: Reprodução/EPTV Operação do Ministério Público investiga corrupção em vistoria de veículos em MG — Foto: Reprodução/EPTV](https://s2.glbimg.com/KNosMU_BJqtXUdoaq7W2dKBtYr8=/0x0:1282x715/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/b/Q/BeMtgKQG6yxMXisV3hGQ/prisoes-operacao.jpg)
Operação do Ministério Público investiga corrupção em vistoria de veículos em MG — Foto: Reprodução/EPTV
Uma mulher passou mal e precisou ser amparada. Também foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão. Computadores e outros materiais também foram recolhidos.
“Durante o cumprimento dos mandados de busca, algumas coisas ilícitas foram encontradas. Foram encontradas armas de fogo, de calibre permitido e restrito, e drogas”, detalhou o promotor André Vasconcelos.
A operação denunciou um forte esquema não só de facilitação de serviços, mas também de não investigação de crimes a troco de propina. Pessoas que pagaram propina aos despachantes também podem ser investigadas.
“Os que não sabem têm que tomar ciência disso, por isso é importante a divulgação. E os que sabiam podem ser responsabilizados por corrupção ativa”, disse Igor Serrano.
![Presos foram levados para a delegacia de Varginha (MG) — Foto: Reprodução EPTV Presos foram levados para a delegacia de Varginha (MG) — Foto: Reprodução EPTV](https://s2.glbimg.com/1e7CfpRnkDT9SP8S_QDmEYenp2A=/0x0:1600x892/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/r/n/MCXtqVQoGOIxKFQjLyAQ/delegacia.jpg)
Presos foram levados para a delegacia de Varginha (MG) — Foto: Reprodução EPTV
Interceptações telefônicas
Durante os mais de dois anos de investigações, o Ministério Público teve autorização judicial para fazer interceptações telefônicas e as conversas entre despachantes e servidores públicos foram fundamentais para desvendar o esquema de corrupção e chegar aos nomes dos suspeitos.
A EPTV Sul de Minas, afiliada Rede Globo, teve acesso aos registros telefônicos. Em uma das ligações, Renato, um despachante, fala com um possível cliente sobre a vistoria de uma moto, em Elói Mendes. O despachante conta que é melhor fazer a vistoria em Varginha e cita o pagamento.
– Renato: Não, assim, pra fazer a vistoria, vinte e cinco mais vinte, igual eu te falei, é trezentos e sessenta, trezentos e quarenta, mas cê não leva a moto lá em Varginha. Agora, se você quiser que leva a moto lá em Varginha duas vezes, cê vai economizar quarenta. Aí, cê fica, gasta 300 reais.
Fonte
G1 Sul de Minas
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